terça-feira, 27 de agosto de 2013

Cap. 3 - A medida que as ondas se quebram


"As mais lindas palavras de amor
são ditas no silêncio de um olhar."
- Leonardo da Vinci



Voltando a sala do andar de baixo vimos um lindo rapaz aparecer na porta da frente, ele tinha uma aparência mais jovial que a de Peter e ao contrario de Pete o rapaz possuía cabelos negros, olhos cor de mel, pele rosada e bronzeada, somente poucas coisas lembravam o belo australiano, coisas do tipo: Peitoral e braços fortes e a aparência de surfista bem humorado.
Pete foi até o rapaz e o abraçou, ambos sorriam e se cumprimentavam como se não se vissem há algum tempo, nada neles me era semelhante, dois rapazes cheios de vida, sorrindo e apreciando os momentos raros e alegres de uma vida com destino e conceito traçados, ao contrário de mim, que não tenho motivos pra sorrir, nem emoções pra sentir, o que ainda estou fazendo nessa vida afinal?
Algo me diz que preciso encontrar Argus de uma vez por todas, mas ele não irá aparecer assim, do nada, ele terá um motivo e eu tenho que arranjar um motivo.
Alguma das vezes que ele apareceu foi quando quase consegui acabar com a vida que não tenho, isso mesmo, quase, umas delas eu travei uma batalha com uma vampira e ela quase me matou, se Argus não chegasse a tempo provavelmente eu teria conseguido o que queria.
Vampiros, ah, vampiros são seres extremamente perigosos, são “pessoas” extremamente irritadas, a espécie mágica mais perigosa que existe, Argus sempre me avisa pra ficar longe de vampiros, segundo ele vampiros são seres sem paciência, os únicos que podem me destruir além de Argus, só se comportam diante mortais, mas não posso procura-los para me matarem, Argus nunca permitiria, ele me deixaria sofrer na mão de um deles e quando estivessem a ponto de me matar ele me resgataria, assim como foi na minha briga com Penellope.
Uma linda Vampira bem humorada na frente de mortais, mas pelas costas era uma mulher brava, nervosa, tenebrosa descreveria bem sua personalidade, brigamos devido ao namorado dela, digamos que eu o provoquei, o tomei pra mim, ela descobriu e quase me matou, não que eu seja fraca em lutas ou algo do tipo, mas eu realmente queria que ela me matasse, então não fiz esforço algum para machuca-la, até Argus aparecer e me levar pra longe dela e de todos os Vampiros que ali se encontravam, por: ‘ali’ quero dizer Pensilvânia, lar de milhares e milhares de vampiros, mas em todos os lugares do mundo é possível encontra-los, são seres sigilosos, não brilham a luz do sol como dizem alguns livros, mas tem a capacidade de se mover muito rápido e de escalar árvores como se realmente estivessem voando.
Aos poucos fui encontrando traços perfeitos no rosto do rapaz, traços jamais vistos em humano normal, ele me parecia muito com um dos filhos dos Deuses, exatamente, tipo Zeus, o Deus do trovão, ou Afrodite deusa da beleza e do amor, mas ele é um mero mortal, muito belo por sinal.
Um mortal com uma beleza irrevogável, uma beleza indescritível, diferente dos outros homens do resto do mundo, mas o australiano também é muito belo, chega aos pés do lindo rapaz com certeza, mas o rapaz é diferente, uma beleza de diversas misturas.
– Charlie, esse é o amigo com quem divido a casa, seu nome é Apolo Jhonson, mais conhecido como AJ (lê-se AJOTA).
– muito prazer –estendi minha mão para cumprimenta-lo.
– o prazer é meu Charlie –apertou a mesma.
– Apolo, como o Deus da razão?
– da razão, da perfeição da harmonia ou da música, e do equilíbrio.
– considerado como o mais bonito dos deuses –disse e ele sorriu perfeitamente.
– é, isso mesmo, minha mãe sempre foi muito fã de mitologia greco-romana e digamos que também tenho uma afeição por isso.
Um mero mortal se fosse um Deus ou algo do tipo eu já teria detectado seus pontos fortes, suas fraquezas, que quase não possuiria, e sua longa e voluptuosa vida.
Mas Apolo, simplesmente o mais belo dos deuses, será uma simples coincidência? Esse mortal não é simplesmente o mais belo dos homens? Queria saber o motivo de tal beleza, ao menos filho de um Deus ele não poderia ser, eu já saberia se fosse.
– também sou muito fã da mitologia Greco-romana, é algo fascinante para mim –ele sorriu novamente, agora demonstrando sua felicidade por haver alguém como ele por aqui.
– bom, já que se deram tão bem eu vou deixa-los conversando enquanto vou dar um mergulho na praia, ela me chama –senti uma pontinha de ciúmes na voz de Peter, mas como, mal o conheço.
– espere, vou com você –ele sorriu assentindo- até mais Apolo.
Acenei pra Apolo e segui Peter até a saída, descendo as escadas que davam para o jardim já se podia sentir a brisa do mar, o gosto salgado da maresia, o cheiro doce dos coqueiros e da natureza em si misturada, pena que esse cheiro, esse gosto e essa sensação eu já não posso sentir, somente guardo em minha memória para jamais me esquecer do quanto é bom vir à praia.
Segui ao lado do belo australiano com uma prancha de surf em baixo do braço até a beira da praia, me sentei na areia e o vi entrar na água.
As piruetas que ele dava controlavam de certo modo as ondas antes de quebrarem aos seus pés, como o reverenciando por tal obra, por tal coragem de encarar Poseidon, deus dos mares, mas nada lhe era negligenciado, as ondas vinham com mais voracidade, mais desejo de se jogarem contra o belo australiano que ali sumia entre várias repetidas ondas.
À medida que entrava e saia das ondas, a medida que driblava e se mantinha em pé em cima da prancha, era como se desafiasse Poseidon e não se importasse com seu poderoso tridente pronto para lhe lançar umas das maiores ondas tentando lhe derrubar de cima dessa bendita tábua de madeira.
Seu medo lhe era arrancado quando no mar ele estava, Peter simplesmente esquecia-se de tudo o que lhe importunava, no momento em que punha os pés na água ele já se sentia outra pessoa, ele demonstrava todo o seu talento em míseros segundos, poucos minutos eram o bastante para que sua mente se esvazia-se e permiti-se que arrasasse em cima de uma comum tábua de madeira com desenhos expressos de um comum surfista californiano/australiano.
O sol lhe fazia brilhar a medida que a água escorria pelo seu corpo definido, Peter podia não ser Apolo, deus da beleza, mas era definitivamente Peter, o cara comum a quem estava amolecendo meu gelado coração.
Ele enterrou a prancha na areia e se sentou ao meu lado, por longos minutos ficamos admirando a expansão do mar, tão grande a ponto de se perder de vista, as ondas quebrando ao chegar mais próxima a areia, as gaivotas voando em busca de peixes para se alimentarem, o vento fresco tocando na pele, definitivamente entrei no avião errado por obra do destino.
Ele se levantou e estendeu a mão pra mim, a segurei e ele me ajudou a levantar, não gosto de depender de homens, mas ele me transmite segurança, afeto, um carinho excepcional.
– vamos voltar antes que escureça, temos que ajudar AJ no jantar.
– me permite preparar o jantar hoje?
– claro, o que pretende?
– não sei, tem algum pedido?
– me surpreenda britânica –ri com a sua afirmação.
À medida que andávamos de volta a rústica e linda casa, íamos conversando sobre variados assuntos, inclusive apelidos, se bem que sua nacionalidade não é bem um apelido, mas para nós dois era.
Ao entrar pela porta da frente vimos AJ polindo sua prancha de surf, no relógio marcava exatamente 18h45min, quase 7 horas da noite, Pete me acompanhou até a cozinha e me ajudou a preparar o jantar, pelos ingredientes que possuía eu consegui preparar um delicioso risoto de camarão antes das 8h da noite chegar.
Sentamos nós três a mesa, o jantar servido, a televisão ligada no noticiário, o vinho em taças a altura e os rapazes parabenizando o risoto, a noite foi mais que agradável, foi um ótimo começo para ambos.
A madrugada já chegava quando decidi descansar, os rapazes na sala continuaram assistindo um jogo de basquete, me deitei na macia e aconchegante cama no quarto do segundo andar da casa, o grande e aquecido cobertor para uma noite fria de verão, dias quentes e noites frias, era tudo o que baseava a ensolarada Califórnia.
[...]
Não bastava ser parecido com o Deus da Beleza, Apolo também tinha mãos de anjo quando se tratava de cozinhar, não me surpreende que ele que prepara as refeições diárias.
O café da manhã era repleto de alimentos saudáveis e deliciosos para quem possui paladar, o que não é o meu caso, comer é tudo o que eu faço, mas sentir o gosto é tudo o que não me é concedido.
Mesmo assim estava um dia lindo lá fora, os rapazes planejavam um dia na praia, surfando como de costume para eles, já eu, planejava arrumar minhas coisas que desde ontem ainda se encontram na mala, quem sabe depois que acabar não me reste tempo para ir à praia e tomar um pouco de sol, estou pálida e me bronzear um pouco me fará bem.
Eles saíram brincando, pareciam dois irmãos, mas é quase isso, se conhecem há bastante tempo e um laço quase que inquebrável foi desenvolvido entre eles.
Subi pro quarto e coloquei minha mala em cima da cama, guardar tudo em um guarda roupa, quantas vezes já fiz isso? Incontáveis vezes.
Sempre um lugar diferente, já passei por tantos que acho que não possua um só lugar na terra que eu não possa ter ao menos visitado, quando o tempo começa a passar as coisas começam a perder a graça, quando seu tempo se prolonga demais você começa a perceber que nada mais vai te deixar feliz, principalmente quando você já não possui sentimentos, emoções, essas coisas que te tiram o fôlego, que te fazem sonhar e te dão coragem para realizar.
É como uma coisa diária em sua vida, se você fica tempo demais fazendo uma coisa, por mais que seja divertido, por mais que você goste, vai perder a graça e você vai se cansar.
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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim.
Me contém o que acham a respeito da história, façam pedidos, atenderei a todos e por favor, comentem, preciso muito desses comentários.
Muito obrigada por lerem, beijos e até o próximo capítulo ♥

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