"O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e todas as mulheres são apenas atores."
- William Shakespeare
Chegando ao aeroporto, nada muito diferente, pessoas apressadas, outras nem tanto, algumas com muitas bagagens outras com apenas uma mochila nas costas ou uma pasta nas mãos.
Com minha mala e bolsa no carrinho, e a passagem em mãos eu segui para fazer o check-in, um atendente muito bonito despachou minha mala, olhares quentes e inesperados vinham de sua parte, eu só sabia sorrir e agradece-lo por me ajudar, em poucos minutos já estava me retirando de perto do belo moreno, alto, de olhos castanhos claros.
Meu voo sai em 20 minutos, a voz já anunciava.
– Todos os passageiros do voo 767 com destino a Ibiza por favor se dirigir ao portão de embarque.
Assim eu fiz, com minha bolsa e passagem em mãos eu segui até o portão de embarque, passei pela a bela aeromoça e aguardei alguns minutos até o portão ser aberto.
Andei calmamente pelo longo corredor mal iluminado, alguns passageiros se mantinham apressados, tentando passar em minha frente, mas eu estava seguindo uma fila então não tinha como eles me ultrapassarem.
Já dentro do avião comecei a procurar a poltrona 24, coincidência ou não era a mesma poltrona de um rapaz, aparentava ter uns 20 anos, cabelos loiros caídos na testa formando uma franja um tanto fofa, deixava-o com aparência de um garoto de 16 anos, ele tinha olhos claros, de um verde profundo e misterioso, sorriso nos lábios rosados, bochechas pequenas e avermelhadas, músculos o deixando mais másculo, braços e peitoral fortes, aparência de um típico surfista australiano.
– desculpe, é sua poltrona? -ele apontou pra cadeira ao lado da dele.
– não, a minha é a 24 -olhei pra ele em busca de respostas.
– ah, bom, a minha também -falou olhando na passagem dele.
– o que faremos? -perguntei nervosa com a situação.
– sente-se aqui e fique calma, se o dono da poltrona 23 chegar nós falamos com a aeromoça -falou despreocupado.
– tudo bem, você está certo.
Guardei minha bolsa no bagageiro em cima das poltronas e me sentei ao lado do belo rapaz.
Nunca fiquei tão nervosa em toda minha longa vida, não sei se é por ter que dividir a poltrona com um estranho ou pelo fato do estranho ser um tanto que atraente.
Os passageiros foram se acomodando, a medida que parava um ao meu lado minhas mãos começavam a suar, não quero ter que ficar em pé e nem ter que ficar com a poltrona reserva que é de frente pra porta do avião.
Algumas repetidas vezes eu sentia o australiano me olhar, seus olhos verdes pareciam pequenas esmeraldas brilhantes e poderosas, daquelas que são capazes de realizarem os maiores e mais bem feitos feitiços, seu sorriso sínico me deixa indignada, como alguém que nem conheço pode me incomodar assim?
Talvez não seja ele que me incomoda, talvez seja o fato de que nunca mais o verei depois de hoje é que realmente me incomoda.
Finalmente a porta do avião foi fechada e a aeromoça começou a dar as coordenadas caso o avião resolvesse despencar.
Me senti aliviada por ver que a poltrona 23 não tem dono.
– está nervosa? ah desculpe, nem me apresentei, sou Peter, Peter Henderson -falou após a apresentação da aeromoça acabar.
– sou Charlie, Charlotte Dummond, e não estou nervosa, apenas preocupada -deixei claro.
– não se preocupe, as coordenadas são apenas precauções, não significa que o avião vai cair mesmo -afirmou como se eu não soubesse.
– eu sei, viajo muito de avião -ríspida e seca, esse foi meu tom de voz.
– ah, então o que está te afligindo? -curioso? até demais.
– apenas o medo de um lugar novo, Ibiza me parece muito diferente da França.
– desculpe, você disse Ibiza?
– sim, porque?
– esse avião não vai pra Ibiza, vai pra Califórnia -afirmou surpreso- a menos que eu tenha entrado no avião errado.
– como assim? Não, só pode estar enganado Peter -me levantei eufórica.
A medida que me aproximava da aeromoça eu me sentia mais tonta, como pude entrar no avião errado?
– com licença, esse avião vai pra Califórnia?
– sim senhorita, algum problema?
– sim, era pra mim ter entrado no avião com destino a Ibiza não Califórnia -falei mostrando-lhe minha passagem.
– ah, bom, sinto muito mas já decolamos e não podemos fazer mais nada, ao aterrissarmos na Califórnia você poderá trocar a passagem e voltar pra Ibiza.
– ah, tudo bem, obrigada.
Voltei mais aflita ainda pra minha poltrona, como não percebi que entrei no avião errado? Devia ter me ligado assim que notei que dividiria a poltrona com um australiano, quero dizer, californiano, nem sei mais de onde ele é.
– não se preocupe Charlie, vai ver o destino está te dando uma chance de conhecer novos lugares -falou me reconfortando.
– talvez, quem sabe não é? -sorri e ele retribuiu- só uma pergunta, me desculpe a ousadia mais você é australiano ou californiano?
– o quê? -ele soltou uma risada gostosa- sou australiano, mas moro desde os 10 anos na Califórnia, como sabe?
– conheço bem as pessoas, sei distinguir de onde elas vem.
Não me importei com sua deliciosa risada, apenas coloquei os fones no ouvido e passei toda a longa viagem ouvindo diversas músicas, de diversos tipos.
A medida que o avião subia eu me lembrava de como os irmãos Wright foram geniais em criar o avião, "Obrigada irmãos Wright", pensei comigo mesma, se não fossem por eles não seríamos capazes de atravessar o oceano antes de 4 ou mais dias.
Estava bem com a música sem sentido tocando em meus ouvidos até que o australiano resolveu retirar meus fones, que atrevido, não acredito que ele fez isso.
– desculpe, queria conversar, será se pode tirar os fones? -falou sorrindo.
– porque? Está tão bom aqui escutando minha música -fiz um drama básico.
– falta menos de 1 hora pra pousarmos na Califórnia e eu não quero ir embora sem ao menos conversar com você.
– porque? Vou estar no mesmo estado que você, quem sabe não pode me dar dicas de boas praias ou apartamentos? -ele sorriu.
– vou adorar, quer dizer, tem um apartamento ótimo bem próximo a minha casa, e é de frente pra praia -falou alegre- acho que vai gostar dele.
– tenho certeza que vou.
– mas me diga, de onde você é?
– sou Britânica -ele sorriu.
– mas você não tem sotaque britânico.
– vivo viajando, perdi o sotaque faz tempo.
– ah tá, tem quantos anos mochileira?
Mochileira? Ela acha mesmo que eu levo minha vida com uma mochila nas costas procurando aventura por diversos lugares do mundo? Bom, não seria uma má ideia fazer isso.
– não sou mochileira -ri- e tenho 18 anos -menti.
– umm novinha, tenho 21 anos -velho u.u não mesmo.
– são só três anos, não sou tão nova assim e acredite, meu rosto esconde anos de sabedoria e uma longa vida.
– haha é? Longa vida? Imagino -ironia detectada no australiano gato.
– ei, é sério, você não conhece nem metade da minha história, se soubesse com certeza ficaria de queixo caído, dá pra escrever um livro de mais de 1.000 páginas com tudo o que já vivi.
– ah é? Então me conte um pouco, adoraria saber a sua história de vida.
– nem vem australiano, você terá de descobrir por si só.
–australiano? Vai me chamar assim? E, nossa, garota misteriosa, eu gostei disso.
– sim, vou te chamar assim, e com certeza sou misteriosa.
– porquê não me chama de Pete? Bem melhor em??
– boa tentativa, quem sabe, vou pensar no seu caso.
A conversa com o australiano gato rendeu até a hora de desembarcar, ele colocou a mochila nas costas e me seguiu até o local onde eu pegaria minha mala, confesso que estava adorando tal companhia, ele é um pessoa muito alegre e me deixa feliz.
Certo que não sinto emoções, mas ele desperta um sentimento em mim que desde que me transformei nesse monstro eu jamais senti.
Rachamos o táxi e fomos rumo a casa dele, durante o longo percurso pude admirar as belas praias californianas, o céu azul, o vento fresco, aquele lugar é definitivamente um paraíso, jamais imaginei que poderia vir pra cá, o australiano, quer dizer Pete, está certo, esse lugar é um presente dos deuses.
O táxi nos deixou de frente pro mar, e que mar, uma imensidão azul que ia até onde a vista não alcançava, era de um azul claro, quase que transparente, fiquei louca pra ir até a areia e sentir aquela água tocar meus pés.
Fui despertada da miragem pelo Pete me chamando, peguei minha mala antes que ele fizesse o mesmo e o segui, atravessamos a rua e paramos de frente pra uma casa de dois andares, confesso que era até que bonita, tinha uma aparência antiga, com coqueiros em volta de um jardim agradável.
– Está é a minha casa, quer dizer, divido ela com um amigo -disse se empolgando.
– é linda, mas e o apartamento que me falou?
– então, não é bem um apartamento e sim o segundo andar da casa -agora suas bochechas coraram, vergonha?- nós dois só ocupamos o primeiro andar e o segundo está vago, como você precisa de um lugar pra ficar e meu amigo precisa de grana, acho que não seria tão mal assim me ter por perto em?
– não, não seria tão mal assim e eu adorei a ideia, Peter, a casa é linda e a vista é perfeita, tudo o que eu preciso, pelo menos por um tempo.
Se por fora a casa era bonita, por dentro era perfeita, ela possuía um ar agradável, fora a aparência masculina, havia pranchas de surf pelos cantos, aparelhos de videogame pela sala, milhões e milhões de coisas que não caberiam em uma página de um livro, o que não é o caso.
Peter me ajudou a subir as escadas com a mala, deixamos a mesma em uma sala de estar no segundo andar e ele me mostrou toda a casa, desde o banheiro ao jardim dos fundos, um lugar muito agradável, me adaptarei bem aqui.
Notas finais do capítulo
Bom meninas, ai está o 2º capítulo, comentem, me digam o que acham, o que falta e o que tem que mudar, farei de bom grado tudo o que sugerirem =)
Leitoras fantasmas, apareçam =D
beijos lindas e lindos, muito obrigada ♥
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